Frutos secos
Baixo Guadiana

Algarve é também sinónimo de produtos típicos, e os frutos secos integram o cartão-de-visita do território. O esplêndido céu azul brinda-nos com um clima ameno, propício à produção de árvores de sequeiro e figueiral. Encontram-se sobretudo no barrocal e na serra, sendo os mais característicos o figo, a amêndoa e a alfarroba. Podem ser degustados de variadíssimas formas, a solo ou em harmonia com outras iguarias. A tradição da produção dos frutos secos faz parte da história algarvia, e os vários ciclos de produção, antigamente todos feitos à mão, representavam grande parte das atividades das gentes, desde a apanha, o partir dos frutos, até à secagem e transformação. Apesar de ainda se manterem alguns processos artesanais, a produção industrial ganhou terreno e esta continua a ser uma importante atividade socioeconómica da região.

 

Amêndoa

A amendoeira, Prunus dulcis (antes classificada como Prunus amygdalus, ou Amygdalus communis) é uma árvore de folha caduca da família Rosaceae. A semente do seu fruto é geralmente considerada como um fruto seco: a amêndoa. As amêndoas podem classificar-se em três grandes grupos: as cocas, cuja casca é extremamente mole, as molares, que oferecem pouca resistência e as durázias, que custam a partir. O miolo é mais ou menos doce ou então amargo.

A amendoeira é originária das regiões quentes e áridas do Oeste da Ásia, sendo levada, provavelmente, para a Grécia e Norte da África durante a época pré-histórica. Hoje em dia a amêndoa é cultivada na maior parte dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo e também na Califórnia (EUA).

As amêndoas são bastante utilizadas na gastronomia da região, destacando-se os doces de amêndoa, exportados para todo o país e para o estrangeiro, que são outro marco da cultura algarvia. A amendoeira encontrou condições edafo-climáticas propícias ao seu desenvolvimento na região, encontrando-se principalmente no barrocal, consociada com outras culturas compondo o pomar tradicional de sequeiro da região. Ainda hoje a amendoeira é conhecida pela beleza que proporciona na época de floração, nos meses de Janeiro/Fevereiro.

A amendoeira não necessita de muitos cuidados. Depois de árvore feita, uma limpeza e lavoura de tempos a tempos chegam-lhe. A apanha faz-se de meados de Agosto a meados de Setembro, dependendo das condições climatéricas do ano e da mão-de-obra. Após a pelagem, põem-se ao sol um ou dois dias, e a seguir são ensacadas. Pesadas ainda muitas vezes com balanças romanas, são vendidas às arrobas aos intermediários das redondezas.  Também é possível adquirir a amêndoa e seus subprodutos em feiras e mercados locais, feiras de artesanato e estabelecimentos comerciais, nomeadamente supermercados locais, pastelarias, entre outros.

 

Alfarroba

A alfarrobeira (Ceratonia siliqua) é uma árvore de folha perene, originária da região mediterrânica que atinge cerca de 10 a 20 m de altura, cujo fruto é a alfarroba.

A raridade da alfarrobeira à escala planetária prende-se com  as exigências climatéricas desta árvore da bacia mediterrânica, conhecida desde remotas eras. Ela gosta de climas secos e suaves e não aguenta geadas. No que concerne ao nosso país e para além da vertente sul da serra da Arrábida, as alfarrobeiras concentram-se, sobretudo, no barrocal algarvio, onde assumem razoável expressão.

A alfarrobeira é pouco exigente em termos de cultura agrícola, tem um crescimento moroso e multiplica-se por sementes e por enxertia. O seu fruto, a alfarroba, é apanhado no mês de agosto. A floração que dará origem à produção do ano seguinte ocorre ao mesmo tempo que os frutos deste ano ficam maduros. Tradicionalmente utilizada como alimento para animais, a alfarroba tem conhecido um novo impulso e novas utilizações: desde licor a bolos, bolachas e tartes, passando pelo gelado e fabrico de chocolate. Inclusive o óleo extraído das sementes da alfarrobeira tem sido utilizado na indústria cosmética. Da alfarroba tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, da qual é extraída a goma, constituída por hidratos de carbono complexos (galactomananos). Para além das já mencionadas, tem tido também aplicações nas indústrias da farmacêutica, têxtil e do papel.

*Imagens in Roteiro dos Sabores do Baixo Guadiana 2018

OUTROS PRODUTOS ENDÓGENOS